[Resenha] O Bom Partido | Curtis Sittenfeld

[Resenha] O Bom Partido | Curtis Sittenfeld

O_BOM_PARTIDO_
Orgulho e Preconceito nos tempos atuais

Uma versão moderna e emocionante do clássico Orgulho e preconceito Uma versão da família Bennet – e de Mr. Darcy – como você nunca viu antes. Liz trabalha como escritora em uma revista e, assim como Jane, sua irmã mais velha instrutora de yoga, mora em Nova York. Preocupadas com os recentes problemas de saúde do pai, elas voltam à cidade onde nasceram para ajudar – e acabam descobrindo que tanto a bela casa em que cresceram quanto sua família estão desmoronando. As irmãs mais novas Kitty e Lydia estão ocupadas demais com seus treinos de CrossFit e dietas para arranjar empregos. Mary, a irmã do meio, está fazendo seu terceiro mestrado à distância e quase não sai do quarto, exceto para suas aventuras misteriosas nas noites de terça. E a Sra. Bennet só pensa em uma coisa: como casar suas filhas, especialmente com o aniversário de quarenta anos de Jane se aproximando. Até que chega à cidade o cobiçado médico Chip Bingley, famoso por ter participado do reality show Bom Partido. Em um churrasco de Quatro de Julho, Chip e Jane se interessam imediatamente um pelo outro, mas seu amigo neurocirurgião Fitzwilliam Darcy não tem a mesma sorte com Liz. Primeiras impressões, porém, podem estar erradas.

Autora: Curtis Sittenfeld

Editora: Essência

Ano: 2019

Série The Austen Project

Quantidade de páginas: 320

Avaliação (de 0 a 5):

pipoca-avaliaçãopipoca-avaliaçãopipoca-avaliaçãohalf-pipoca3,5

Falou em adaptação de Orgulho e Preconceito, já ganhou minha atenção! O Bom Partido, de Curtis Sittenfeld é o que eu esperava: fofinho, gostoso de ler e garante reviver os sentimentos que a história de Elizabeth e Darcy provocam. No entanto, ele perde o fôlego em alguns momentos e a narrativa pode se tornar cansativa para quem não leu o romance original. Vamos ver mais sobre ele?

Sobre o que é O Bom Partido?

Orgulho e Preconceito com o reality The Bachelor (aquele em que um solteiro é disputado por diversas participantes até escolher uma no final) como pano de fundo. Mas, calma, quem participa do reality não é o Sr. Darcy, mas sim Chip Bingley.

Mas vamos falar dos Bennet? Nesta adaptação, a família é rica, mas enfrenta uma falência que o Sr. Bennet insiste em não revelar para ninguém. A história começa quando um ataque cardíaco do Sr. Bennet faz com que Liz (que trabalha em uma revista) e Jane (instrutora de Yoga), que moram em Nova York, retornem para Cincinatti para cuidar do pai. As outras filhas Lydia, Kitty e Mary ainda moram com os pais, mas previsivelmente não fazem muita coisa. Lydia e Kitty são crossfiteiras e não trabalham, e Mary está no doutorado, mas não tem pretensão de sair de casa.

O desinteresse de Darcy em dar explicações e sua aparente convicção de que não precisava jamais se desculpar eram absolutamente irritantes. E seu desdém pelas convenções era um incômodo ainda maior do que se ele ignorasse a etiqueta, o que ele obviamente não ignorava.

Nesse meio tempo, Chip Bingley e sua irmã Caroline chegam à cidade e conhecem as irmãs Bennet em uma festa. Como não poderia deixar de ser, o Sr. Darcy, que mora em Cincinatti, também está na festa e Liz logo pega antipatia dele. Darcy e Bingley são médicos, embora Bingley seja cada vez mais inclinado a trabalhar no entretenimento.

As paixões acontecem em meio a confusões de reality shows, antigos amores e a falência iminente dos Bennet.

Orgulho e Preconceito com estilo Sessão da Tarde

É muito difícil não gostar de uma adaptação de um dos meus livros favoritos. Eu me emocionei, torci pelo casal e me diverti exatamente como no romance original. No entanto, alguns detalhes da adaptação foram problemáticos e não fizeram a história fluir tão bem.

O plot do reality show só vai ser trabalhado no terceiro ato do livro, embora o próprio título já faça alusão a ele. A autora poderia ter feito muito mais para tornar essa parte mais divertida e emocionante para a narrativa. Mas o terceiro ato só torna o enredo mais artificial.

Confesso, também, que não gostei da Liz riquinha. Tudo bem que a família dela estava falindo, mas os Bennet nunca foram ricos no original. Eles faziam parte da baixa nobreza, o que os permitia ter criados, mas não viviam com luxo. Tem uma parte em que ela não está com o carro e não sabia como pegar táxi em Cincinatti (oi?).

Outra coisa que não gostei é a “confusão” em que Lydia se mete. Assim como no livro, toda adaptação reproduz o escândalo da garota Bennet de acordo com a relevância da nova história. Um exemplo muito bom do que seria um escândalo nos dias de hoje foi abordado na websérie The Lizzie Bennet Diaries. Em O Bom Partido, a situação só é complicada para a mãe da moça, mas não para o restante dos personagens. Sei que foi uma tentativa de trazer diversidade à obra, mas não teve muito impacto.

Mas no quesito romance, Liz e Fitzwilliam mantêm a química do romance original (com mais sensualidade) e deixam o livro com cara de comédia gostosa de assistir na Sessão da Tarde. Liz é uma personagem muito interessante de se acompanhar e segura bem as pontas quando o livro se torna mais parado.

O Bom Partido só serve para quem leu Orgulho e Preconceito?

Claro que não. É uma comédia romântica que serve tanto para quem leu o livro no qual ela é inspirado quanto para quem não leu. Mas, sinceramente? A narrativa tem seus altos e baixos, nem sempre fluindo de uma vez.

Pessoalmente, eu jamais sairia com você, mas você é alto, estudou em escolas de elite e é médico. Para o público geral, que não faz ideia do elitista condescendente que você é, você é irresistível.

Portanto, se você vai ler sem saber as tretas que vão rolar entre os personagens, a leitura pode perder o fôlego às vezes. Mas continua sendo um livro fofo e divertido de acompanhar no geral.

Vale a pena ler O Bom Partido?

Vale como uma leitura descompromissada, daquelas que a gente pega para se desestressar do dia a dia. Não é a melhor adaptação de Orgulho e Preconceito, mas consegue fazer a gente torcer pelo casal principal e sentir vergonha nas horas certas.

Achei para ler de graça no Kindle Unlimited. É Orgulho e Preconceito, né, gente? Difícil resistir.

Curiosidade: esse é o quarto volume da coleção The Austen Project, uma releitura dos clássicos de Jane Austen pelas mãos de escritoras contemporâneas. Até agora, o restante não foi lançado no Brasil. Esses foram os volumes lançados:

#1 – Sense and Sensibility – Joanna Trollope

#2 – Northanger Abbey – Val McDermid

# 3 – Emma – Alexander McCall Smith

# 4 – O Bom Partido – Curtis Sittenfeld

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *