Resenha | A Dança da Morte – Stephen King

Resenha | A Dança da Morte – Stephen King

Título: A Dança da Morte
Autor: Stephen King
Editora: Suma
Idioma: Português
Idioma original: Inglês
Ano da edição:2013
Tradução: Gilson Soares
Quantidade de páginas: 1247
Avaliação: 4/5

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Resumo

Após uma epidemia do vírus Capitão Viajante dizimar 99% da população do planeta, os sobreviventes são arregimentados por forças do Bem (na figura da centenária Mãe Abagail) e do Mal (com o misterioso Randall Flagg, o Homem Escuro) para uma batalha épica.

Ao longo de mais de mil páginas, acompanhamos a jornada de diversos personagens para sobreviver em um mundo selvagem e feroz enquanto se movimentam em um plano maior que só vamos entender mais tarde.

O que eu achei do livro

A Dança da Morte é um livro épico e, ao mesmo tempo, prolixo. Não há como negar a ideia grandiosa de Stephen King e a sua habilidade em tecer os dramas de todos os personagens para entrelaçá-los no final de maneira surpreendente.

A história é dividida em três partes, nas quais observamos o mundo se acabar por conta de um vírus fatal que mata 99% da população, o que leva a conflitos entre civis e militares na tentativa de conter o problema. Após a doença e as mortes por violência, é hora dos personagens iniciarem uma jornada pelas estradas abandonadas dos EUA em busca de outras pessoas enquanto sonham com Mãe Abagail ou Randall Flagg. A última parte trata dos preparativos para o confronto entre essas duas forças.

Então, um apavorante Olho vermelho se abriu no escuro; traiçoeiro, sobrenatural. O Olho o aterrorizou, mas também o atraiu. O Olho o convidou. Para oeste, onde as sombras estavam agora mesmo se reunindo, em sua opuscular dança da morte.

Impossível não relacionar o vírus Capitão Viajante com a epidemia do coronavírus que assolou a humanidade e faz vítimas até hoje, em 2023. É por isso que a leitura pode despertar gatilhos em quem sofreu perdas ou ficou doente nesse período, King não poupa muitas descrições.

Mesmo com todo esse caráter visceral, o livro tem espaço para passagens muito bonitas, seja entre Larry e o menino Joe com a guitarra ou com o corajoso cachorro Kojak percorrendo quilômetros para encontrar seu tutor. A beleza da vida se encontra entre momentos difíceis e King tem a sensibilidade de mostrar isso.

Ninguém pode dizer o que se passa entre a pessoa que você foi e a pessoa na qual se transformou. Ninguém pode delimitar aquela seção depressiva e solitária do inferno. Não há mapas de troca. Você simplesmente passa para o outro lado.

No entanto, como eu adiantei, o livro é prolixo. Se você não tem paciência para capítulos com o ponto de vista de diversos personagens, talvez essa não seja a leitura mais indicada. Eu particularmente adoro o desenvolvimento de personagens dessa forma, mas o autor demora muito em passagens não tão interessantes, o que pode cansar um pouco.

E os capítulos finais não me agradaram. Parece que um grande movimento foi feito para se chegar a um determinado objetivo, mas que quando chega o momento, parece tudo desnecessário (se quiser saber mais, leia até o final para ver os spoilers). Stephen King tem problema com finais, isso é fato conhecido, e este livro é um desses casos. Infelizmente é uma questão que passa para as adaptações também.

Além disso, a brutalidade e crueza de algumas cenas pode tornar a obra complicada de avançar rápido. Enquanto alguns capítulos voam, outros parecem demorar uma eternidade. Mas fora isso, é um clássico que merece ser lido e com personagens memoráveis.

Personagens do livro

Frannie Goldsmith

Jovem universitária que acaba de descobrir uma gravidez, Frannie precisa lidar com perdas e a reconstrução do que conhece como lar e família. É a personagem feminina mais aprofundada no livro, porém ela acaba irritando por não confiar na própria intuição algumas vezes (mas quando confia, é bem certeira).

Larry Underwood

Um músico em ascensão com um hit que acaba de estourar nas rádios (que ele mal aproveita antes do mundo acabar), Larry enfrenta o próprio egoísmo em uma jornada de liderança e cuidado com as outras pessoas. Na maior parte do livro, ele é irritante, mas depois podemos ver o seu desenvolvimento.

Harold Lauder

Vítima de bullying na época do colégio e aspirante a escritor, Harold tem baixa autoestima e uma mágoa crescente contra o mundo. Sua obsessão por Frannie o torna ainda mais intragável, mas até mesmo ele tem um papel (ainda que sombrio) a desempenhar na batalha de forças entre o Bem e o Mal.

Stu Redman

Um dos primeiros humanos imunes a serem detectados, Stu tem espírito de liderança e muito altruísmo. É o típico mocinho, o que não o impede de ter muitas dúvidas ao longo de sua jornada.

O Homem da Lata de Lixo

Também vítima de bullying no colégio (que rendeu-lhe a alcunha de Homem da Lata de Lixo), Donald Mervin Elbert é um jovem com transtornos mentais e um predileção por incendiar qualquer coisa. Por ter tido tantos traumas na vida, seu comportamento “explosivo” pode ser engatilhado, o que o torna uma arma para Randall Flagg. Seus capítulos são os que menos gosto, porém ele tem um papel muito importante na história.

Tom Cullen

Um personagem inesquecível e bastante carismático, uma das melhores criações do King. Tom Cullen é um adulto com deficiência mental que entra no caminho de Nick Andros (que é surdo-mudo) e surpreende com sua capacidade de antever problemas e entender algumas pessoas. Sua pureza e caráter elevados o tornam uma pessoa essencial para equilibrar a balança dos poderes.

Randall Flagg

O Homem Escuro, a personificação do Mal, o vilão com muitos nomes. Sabe-se pouco sobre a origem de Flagg, mas sabemos da sua busca insaciável pelo poder. Após a epidemia, ele aparece para pessoas em sonhos (assustadores) e as leva para Las Vegas, onde se torna uma espécie de ditador místico. Tratado como uma espécie de Anticristo na história, Flagg é um dos maiores vilões de Stephen King, e suas cenas variam entre surpreendentes até perturbadoras (quem leu a cena com Nadine Cross sabe do que estou falando).

Mãe Abagail

A personificação do Bem e a Escolhida por Deus para guiar as pessoas a um local seguro após a epidemia. Mãe Abagail é uma mulher negra centenária que sempre viveu na fazenda de sua família, sempre muito temente a Deus e convicta de suas opiniões. Após a devastação do mundo, ela se vê desafiada a encarar uma missão complexa que envolve muito mais fé do que compreensão racional.

Em que ano se passa o livro?

A obra foi escrita nos anos 1980 e a história é situada em 1990.

A série de A Dança da Morte: The Stand

Lançada em 2020 (curiosamente o ano da pandemia mundial), The Stand conta com um elenco espetacular: Whoopi Goldberg, Greg Kinnear, Alexander Skarsgård, Amber Heard, Ezra Miller, James Marsden e até uma participação especial de Bryan Cranston.

Diferentemente do livro, a obra opta por uma narrativa não-linear, começando por mostrar algumas cenas do presente e eventualmente fazendo flashbacks para mostrar o que aconteceu. Pode parecer confuso nos primeiros episódios, mas acho que foi uma decisão acertada para agilizar alguns acontecimentos do livro.

Com uma trilha sonora incrível, The Stand consegue reproduzir bem o espírito rock´n´roll de Underwood, a ironia de Flagg e a insanidade do núcleo de Las Vegas. No entanto, o final (assim como no livro) deixa a desejar e o capítulo final patina na tentativa de fazer sentido. Ainda assim, eu recomendo.

  • Onde assistir: Lionsgate

Filme A Dança da Morte

Lançado como uma minissérie para a TV, o “filme” de A Dança da Morte foi lançado em 1994 e conta com nomes como Molly Ringwald e Bob Lowe.

Final de A Dança da Morte

Se você chegou até aqui, então é melhor se preparar para spoilers. Nos capítulos finais de A Dança da Morte (e eles são muitos), vemos o império de Randall Flagg começar a ruir por ele não conseguir antecipar todos os planos de Mãe Abagail. O vilão consegue interceptar dois espiões, mas o terceiro (Tom Cullen) escapa da sua visão até ouvir o alerta de Lloyd, mas é tarde demais para a captura.

A jornada de Glen, Stu, Larry e Ralph para Las Vegas passa despercebida por Flagg até Nadine avisá-lo (e com isso conseguir que ele a mate para que escape da sua realidade terrível). Mas com Stu se acidentando, somente Glen, Larry e Ralph vão para o ‘reino’, plantando dúvidas na cabeça dos capangas de Flagg. Mas o destino do Homem Escuro é selado quando O Homem da Lata de Lixo, em seu delírio por agradá-lo, leva uma bomba atômica para Las Vegas, que mata a todos do local.

Stu consegue sobreviver por estar deitado numa fenda junto com Kojak. Tom Cullen o encontra e os dois enfrentam uma árdua jornada de volta para Boulder, onde Fran já teve o bebê. No final, Stu e Fran viajam juntos para a cidade natal dela, a fim de ver o mar novamente, enquanto a Zona passa por mudanças.

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