Crítica Cruella | 5 razões para o filme ter superado expectativas

Crítica Cruella | 5 razões para o filme ter superado expectativas

Filme Cruella
Cruella também teve bom desempenho nas bilheterias (Imagem: Reprodução)

E não é que o filme da Cruella se mostrou um acerto da Disney? Quem poderia imaginar que a história de origem de uma vilã terrível que ameaçava fazer casacos de pele de dálmatas poderia dar certo?

A classificação do longa no Rotten Tomatoes foi de 74%, o que não representa um sucesso estrondoso, mas também não é o desastre que eu imaginava ser. Para você ter ideia, eu não engolia nem o trailer estiloso e nem as divulgações empolgadas da Disney.

Ah, e havia mais um problema: a pandemia. Cruella estreou de forma simultânea no cinema (sendo que muitos estavam fechados) e na plataforma Disney+ pelo Premium Access, o que pode representar um risco financeiro.

Mas isso não impediu a obra de arrecadar US$ 200 milhões no mundo todo (superando o seu custo de produção de US$ 100 milhões), sem contar o valor arrecadado pelo streaming para assisti-la antecipado.

Mas afinal, o que aconteceu para que esse filme contornasse a problemática da vilã (que era bem mais antipatizada do que Malévola, cujo filme solo fez um grande sucesso)?

Do que se trata o filme Cruella?

O longa acompanha a história de Estella, uma menina rebelde que sonha em se tornar estilista um dia, equilibrando seu temperamento difícil (que a mãe chama de “Cruella”) com o seu lado mais obediente. Porém, depois que se torna órfã, a jovem se junta a dois pequenos ladrões em Londres, que se tornam a sua nova família.

Anos depois, Estella (já interpretada por Emma Stone) é a mente brilhante por trás do trio de golpistas, mas que ainda acalenta o sonho de trabalhar com moda. Depois de muitas confusões, ela consegue chamar a atenção da Baronesa (Emma Thompson), uma lendária estilista. Mas as descobertas sobre o seu passado e a sua intensa rebeldia fazem a personalidade Cruella emergir com força, mudando toda a dinâmica ao redor.

5 motivos para Cruella ter superado as expectativas

Não adianta somente ter uma bela produção para conseguir contornar a maldade de uma personagem que odeia animais, então a Disney precisou trabalhar mais. Veja a seguir :

1. Um cachorrinho para a protagonista

(Imagem: Reprodução)

Quem imaginaria que logo a Cruella teria um cachorrinho super fofo? Essa foi uma das primeiras formas que o roteiro encontrou para humanizar a personagem. Afinal, como ela odeia animais se ela tem um cãozinho como companheiro inseparável?

Mas como a Disney ainda precisaria explicar a fixação da vilã em dálmatas, eles encontram uma solução meio-termo para o assunto. O filme explica o trauma de Estella com essa raça específica, mas não se aprofunda no ódio que fez a personagem ser tão famosa.

Isso ficaria para um segundo filme? Ninguém sabe. O fato é que a história de origem não entra nesse território sombrio, o que foi uma solução acertada para o filme não virar um Coringa e não tirar o carisma da protagonista.

2. A super carismática Emma Stone

Emma Stone como Cruella
(Imagem: Reprodução)

Assim como Glenn Close (que interpretou a personagens no live-action dos anos 1990) é ótima para interpretar vilãs complexas, Emma Stone é perfeita para mocinhas cheias de carisma. Não que ela só fique nisso, afinal, o seu papel em A Favorita mostra que a atriz tem muitas cartas na manga. E claro, não podemos negar que ela ganhou o Oscar por La La Land.

Em resumo: eu adoro a Emma Stone (mesmo achando que La La Land não merecia aquele Oscar). Mas o melhor de tudo é que Cruella foi uma das melhores atuações que já a vi fazer. Com o cuidado de não virar uma caricatura, Emma entrega rebeldia e vulnerabilidade com o equilíbrio certo para tornar o filme ainda para “família” e sem deixar a personagem ser plana demais.

3. Narrativa em 1° pessoa

Imagem: Reprodução

Técnica utilizada em milhares de filmes, a narrativa em 1° pessoa sempre nos aproxima de quem está contando a história. Afinal, é como se a vilã conversasse com a plateia para explicar as coisas do seu ponto de vista. E aí ela já começa a ter intimidade com quem está assistindo, reforçando ainda mais o carisma de Stone.

Um caminho que a história poderia seguir seria de pintar a protagonista como boazinha, como um artifício malicioso de quem está com o poder da narrativa. Mas o filme desvia desse rumo ao evidenciar como os amigos de Cruella se preocupam ao vê-la daquele modo, mostrando detalhes que escapam da narradora.

4. Uma vilã pior do que a protagonista

Imagem: Reprodução

Nada melhor para humanizar um vilão do que colocá-lo lado a lado de outro muito pior, não é mesmo? Mas isso só dá certo nesse filme porque a Cruella não é tão “cruel” quanto em Os 101 Dálmatas, muito pelo contrário, ela está mais para uma jovem amargurada e vingativa.

Por isso, a Baronesa Van Hellman se torna um ótimo contraponto à Estella, ao mesmo tempo em que o roteiro deixa claro as similaridades entre as duas. Emma Thompson está cirúrgica como sempre, sem exagerar na atuação e nem deixar a antagonista virar uma caricatura. E é impossível não compará-la com Miranda Priestly, de O Diabo Veste Prada.

5. Uma história recontada

Imagem: Reprodução

A cereja do bolo é, claro, a forma como a história é contada. Assim como em Malévola, o roteiro se preocupa em mostrar o outro lado da personagem e evidenciar que as pessoas acabam construindo vilãs na sua forma de reproduzir a história. Cruella é, neste caso, uma vilã autofabricada para servir à sua necessidade de vingança e triunfo pessoal.

Então, recontar os fatos sob uma nova ótica (especialmente aqueles que falam dos dálmatas) faz toda a diferença. Importante ressaltar que o filme não tenta justificar atos desprezíveis com um passado difícil, mas reformula toda a ação da protagonista para não torná-la tão vilanesca assim.

Bônus: um filme muito estiloso

Imagem: Reprodução

Não tem como não amar a trilha sonora roqueira e os figurinos exuberantes do filme! Coloquei por último porque só esses elementos não teriam como salvar a história, mas eles se complementam divinamente e certamente ajudaram a tornar esse live-action como um dos melhores da Disney. Por favor, já quero um Oscar de Melhor Figurino.

É isso, Cruella me surpreendeu. É um filme divertido com um roteiro competente e dentro do que é esperado para um filme do estúdio do Mickey. Não vá esperando encontrar algo sombrio como Coringa, mas eu já achei bem melhor do que Malévola.

Ficha Técnica

  • Filme: Cruella
  • Ano: 2021
  • Direção: Graig Gillespie
  • Elenco: Emma Stone, Emma Thompson, Joel Fry, Paul Walter Hause, John McCrea.
  • Onde assistir: Disney+

Sobre a autora:

Mikaela Brasil é jornalista e trabalha com Marketing, sendo uma eterna apaixonada por cultura pop e literatura.

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